Tutoia está mais uma vez em festa, exercendo sua democracia, embora
totalmente maquiada.
Convenhamos, não existe povo mais “jeitoso” que o brasileiro, daí
nossa política insanamente “jeitosa”. Vamos começar analisando uma das festas
mais popularmente glamorosas do mundo: o carnaval. Uma vez por ano o brasileiro
vive um momento glorioso, ali grande parte de uma população de desdentados,
descamisados, desvalidos demonstra sua miserável alegria fazendo reverencias na
majestosa Marques de Sapucaí. Este é sem duvida um quadro estupendo da miséria,
mas tudo se “ajeita”, um pouco de purpurina aqui, lantejoulas ali, plumas e
paetês acolá, tudo isso com doações de pessoas bem articuladas politicamente,
cujo intento é apenas e tão somente carnavalesco. Dá até para fazer um refrão:
Olha a política aí gente!
Ela brilha sem perder e sem doar.
Porque ninguém melhor que ela sabe se ajeitar
Tutoia perde com a corrupção, prática já rotineira na Política de
Tutoia. No Brasil virou sinônimo de casuísmo e enriquecimento ilícito. Já se
tornou rotina no dia-a-dia do brasileiro a corrupção. Mais uma entre tantas
péssimas heranças coloniais, a corrupção é um dos grandes empecilhos para o
Brasil transformar-se em um país desenvolvido, com melhores condições sociais e
maior igualdade de direitos. A população tutoiense precisa, com urgência,
conscientizar-se (não foi desta vez), pois só assim teremos uma Tutoia mais
justa, com amplas oportunidades para todos seus habitantes. Rotineiramente,
verbas que poderiam ser aplicadas em educação, alimentação, transporte e saúde
são desviadas. Enquanto isso, os moradores convivem com a miséria, com o
preconceito, sem emprego, pois o dinheiro que poderia ser investido em infraestrutura
e em mecanismos para diminuir os problemas está sendo aplicados em
enriquecimentos ilícitos. Tudo isso é apenas uma parte irrisória da vergonhosa
história de politica em Tutoia. Nesta eleição comprou-se e vendeu-se de tudo,
até aquilo que deveria ser invendável “a dignidade humana”. Há quem afirme que
até prédios escolares, ambulâncias e outros meios públicos foram usados para
compra de votos. Jovens sendo manipulados, usados como mula para compra de
votos.
A Juventude e a participação política há um bom tempo, se tem escutado
afirmações que vão ao sentido de que os jovens de hoje são apáticos, não querem
se envolver com nada e são, na sua maioria, desinteressados pela política. Não
desejam participar de nenhuma ação capaz de influenciar as políticas públicas.
A falta de informação de certa forma não chega a surpreender, visto à
dificuldade e o monopólio do acesso à informação em nossa cidade. A falta de
maior participação não se dá por não haver disposição ou mesmo desinteresse dos
vários setores da população, mas sim por não haver mecanismos que estimulem e
promovam o acesso à informação e a inclusão dos jovens na política de Tutoia. A
juventude tem a possibilidade de ser um dos principais setores da sociedade a
promover este reordenamento político, tanto pela sua disposição, como pela sua
expressão social. A juventude deve desde já construir a sua intervenção social
unificada, de modo que exerça maior influência de decisão sobre a política
geral, seja nos movimentos ou na institucionalidade. O que pode gerar maiores e
importantes conquistas sociais para todo o conjunto.
Os problemas tutoienses não melhorarão se a população não pressionar
cotidianamente seus políticos eleitos, que, obviamente, precisam ser escolhidos
conscientemente. Demonstrar inconformismo, de nada adiantará. Todos nós
precisamos atuar como militantes da ética política, informando a sociedade tutoiense.
Talvez a "Lei da Ficha Limpa" comece a mudar os rumos políticos do
Brasil. Não adianta, no entanto, rezarmos para que não seja apenas mais uma lei
"para inglês ver". Precisamos nos interessar sobre a política de
Tutoia, pois suas decisões ultrapassam a câmara e prefeitura. Elas atingem toda
a vida do povo tutoiense.
A democracia política já foi criticada porque conduz à ineficiência e
fraqueza de direção, porque permite aos homens menos desejáveis obter o poder,
porque fomenta a corrupção. A ineficiência e fraqueza da democracia política
tornam-se mais aparentes nos momentos de crise, quando é preciso tomar e
cumprir decisões rapidamente. (Aldous Huxley, in "Sobre a Democracia e
Outros Estudos").
A maioria da população tem repulsa à corrupção. Mas desenvolvemos uma
postura um tanto leniente. A maioria está preocupada com questões concretas
como salário, emprego, custo de vida, crédito, saúde, violência, educação.
Tentamos até obscurecer os fatos, criando novas palavras. A própria presidente
Dilma cunhou o termo malfeito. Ora, malfeito é antônimo de bem-feito. A
contraposição à ética e à honestidade é corrupção. Se quisermos fortalecer
nossa democracia, urge uma profunda transformação ética no comportamento de
nossas elites. As lideranças da sociedade devem servir de exemplo, espelho,
devem gerar confiança e credibilidade. A impunidade tem que ser extirpada. O
sistema, reformado. O combustível da
vida é a esperança. Tutoia não pode mergulhar num mar de desesperança e apatia
em relação à sua democracia. Reclamar dos políticos e da corrupção no país não é novidade, porém
uma pesquisa revela que podemos, na verdade, ao nos indignar com estes, estar
agindo com hipocrisia! Votar requer reflexão e vontade de mudar! Já é muito
antiga esta história de se reclamar dos políticos, e isto tende a piorar, seja
pelo cinismo, seja pelos mais criativos métodos possíveis de roubalheiras e
falcatruas. Até que ponto as pessoas são coniventes com a corrupção e se elas
praticariam as mesmas ilicitudes se estivessem no lugar dos políticos?
Temos que admitir que somos nós quem viabilizamos a sustentabilidade
dessa política insana, na qual somos atores vergonhosamente pacíficos.
“A sociedade não é vítima, mas autora. Somos
responsáveis pelos políticos em geral, pelos homens públicos que aí estão”.
Marco Aurélio de Mello.
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